sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Conclusões

Dentre as diversas conclusões que tirei das discussões dessa semana, a que estou postando agora acho que está entre as mais importantes e inesperadas.

Pelo valor semântico das palavras e de acordo com reflexões de vivencia pessoal, creio que no paradoxo Fé X Esperança, que embora muitas vezes são utilizados em contextos invertidos, a diferença exista exatamente pelo repertório do locutor e questões temporais.

Dar por fé, dentre as diversas interpretações "Aurelianas", é garantir, por encargo legal, a verdade ou autenticidade de um conteúdo ou relato. Sendo assim, fé é a palavra que autentica, que torna real ou possível algo que apenas um indivíduo presenciou. tal conteudo (fé) pode ser disseminado e talvez até se tornar uma religião através do convencimento e persuasão, porém não garantindo que tal fato (conteudo ou fé) acontecerá novamente para se concretizar.

Por isso esperança é o alimento da fé, não havendo reciprocidade obrigatória. Podemos ter esperança sem fé, mas nunca fé sem esperança.

Pense nas coisas que você tem fé e reflita: É fé ou esperança?

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4 comentários:

Pri Tutida disse...

A todos, recomendo a leitura de um livrinho (bem pequeno e de rápida leitura), entitulado: "A felicidade desesperadamente".

Por desesperadamente, pode-se entender (des)esperadamente, ou seja, sem esperar nada.

Neste livro, o autor (André Comte-Sponville)faz reflexões basicamente filosóficas e aborda a distinção entre fé e esperança.

Acredito que pode ser bastante enriquecedor para todos nós a leitura deste material.

Luiz Bevilacqua e Denis Andreatta disse...

Não pude deixar de ir ao dicionário ver se havia essa abordagem de "desesperança" que a Pri comentou aqui. E, por incrível que pareça, não há. Engraçado que para esperança existe uma definição como ato de esperar.

Pri, você tem esse livro para nos emprestar?

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Pri Tutida disse...

Lula: tenho sim o livro; está emprestado a um amigo que já finalizou a leitura, então, tentarei "resgatá-lo" para disponibilizar ao grupo.

De qualquer forma, vai aí uma trecho bastante interessante:

…felicidade em ato (…) o próprio ato como felicidade: desejar o que temos, o que fazemos, o que é, o que não falta. (…) felicidade desesperada (…) é a felicidade que não espera nada. De fato, o que é a esperança? É um desejo: não podemos esperar o que não desejamos. Toda esperança é desejo, mas nem todo desejo é uma esperança. O desejo é o gênero próximo do qual a esperança é uma espécie.

Luiz Bevilacqua e Denis Andreatta disse...

Agradeço pelo esforço quanto ao empréstimo do Livro.

Seguindo pela linha do desejo e esperança, no mesmo livro, de onde tiramos o conteudo deste post que estamos debatendo, a esperança é colocada como algo mais ligado a desejos, ou seja, aquilo que não é realmente uma necessidade de acordo com a famosa pirâmide.

Mais ou menos assim: "temos esperança de comprar um carro novo, mas temos fé de que não nos faltará comida nunca".

Acho que quando extrapolamos no desejo de algo (o que o autor chama de necejo), chegamos a ultrapassar essa linha e depositamos não mais a esperança em obter algum produto, mas sim a fé que o obteremos na esperança que isso nos faça mais feliz.

Complicado isso ne?

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